A agricultura, sector primário da economia de um país, deveria ser considerado por esse, como prioritário, facto que não ocorre no nosso. Com a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, em 1980, altura da assinatura. A partir desse momento, Portugal iniciou o processo de pré adesão que compreendia duas etapas cujo objectivo consistia em adequar a nossa agricultura tradicional, às agriculturas mais desenvolvidas do norte da Europa. Para esse “progresso” a CEE, assim designada na altura, pôs à disposição da agricultura portuguesa instrumentos de apoio financeiro para a sua remodelação, compreendendo a reestruturação de explorações e a instalação de novas em áreas culturais como a produção leiteira, viticultura e horto floricultura. A agro-indústria que se viria tornar na campeã dos fundos estruturais, começou a reestrutura-se e a partir daí a preferir a matéria prima de importações. Entretanto Portugal, pela mão dum dos governos chefiados por Cavaco e Silva, queima a segunda etapa a troco de milhões, colocando-nos perante a Europa numa situação vulnerabilidade.
Na Europa, em consequência da produção excedentária propiciada pelo recurso excessivo ao uso de agro químicos e, entre outros, deixa-se de falar na produção intensiva (produzir muito em pouca terra) muda a agulha e, passa a falar-se, na produção extensiva (produzir pouco em muita terra), suscitando a implementação de medidas tais como: introdução do sistema de cotas que visou, cumulativamente salvaguardar: as produções nacionais; controlar eventuais desvios aos índices de produção pré estabelecidos; e, introdução de medias agro-ambientais, com vista a minorar impactos nocivos e progressivamente se restabelecer as condições naturais do eco sistema. Verificando-se com agrado, alguns progressos, apesar da contra corrente exercida pela agro-indústria, empresas: importe/exporte; e, grandes superfícies comerciais ao fomentarem os preços baixos na produção e por consequência o recurso por parte dos agricultores a insumos externos agro – químicos e entre outros na perspectiva do aumento da produção. Com tudo, hoje em dia, cada vez surgem mais pessoas preocupadas com a segurança alimentar e com o meio ambiente a sugerirem alternativas ao modo actual de produção. Por se ter constatado cientificamente que o método de produção cultural determina a qualidade do solo; e o solo determina o equilíbrio da planta; e que a planta, por sua vez, determina a qualidade do sangue do homem e dos animais. A sensibilidade é que se deveria racionalmente abandonar os métodos e técnicas de produção da agricultura convencional e adoptar como alternativa uma agricultura sustentável que pressupõe: três objectivos principais: a conservação do meio ambiente, unidades agrícolas, lucrativas e a criação de comunidades agrícolas prósperas. Isto sem se excluir outras alternativas tais como: Agricultura biológica ou outra que faça a integração sustentável dos métodos e técnicas das que existem.
Escrito para publicação no Bolim "O Baldio"
Nasceste incompleto, frágil, sem autonomia. Mas és obra da natureza e por consequência, a força da existência de ti sobressai. À existência, precede a essência e, é na teia das relações sociais em que cada um vive, que é edificado e desenvolvido o entendimento. Numa ordem de sucessão. Ao velho sucede inevitavelmente o novo. Ao Capitalismo neoliberal irá suceder inevitavelmente um sistema socioeconómico onde os interesses coletivos se vão sobrepor aos interesses individuais.
sábado, 28 de novembro de 2009
domingo, 15 de novembro de 2009
Agricultura Portuguesa
Espantem-se!...
A Sustentabilidade, multi-funcionalidade, biodiversidade, foram os modelos de desenvolvimento e os usos da terra, mais badalados em Portugal, após a integração na Comunidade Económica Europeia Objectivamente, espantem-se! Grosso modo o que nos era sugerido, já a agricultura familiar portuguesa o praticava de forma integrada. Mas, a natureza complexa e multidimensional das questões que estavam subjacentes ao “projecto comum europeu” que se pautou endemicamente por uma política de mercado que empurrou as agriculturas nacionais, numa primeira fase, para a agricultura convencional, moderna, onde a procura de insumos externos por parte das explorações (caso do uso generalizados da mecanização, aquisição de gasóleo, agro químicos e rações) a longo praso foi desencadeando índices tecnológicos de produção geral, nunca vistos, com as contra indicações: à posterior evidenciadas em termos de malfeitorias ao meio ambiente, segurança alimentar e em milhares de casos à insustentabilidade das explorações agrícolas. Que reduziram exponencialmente, por não possuir as condições estruturais e fundiárias necessárias. Com o efeito, foram dispensados assalariados agrícolas e trabalhadores familiares do trabalho nos campos. Em muitos casos absorvidos por grandes e pequenas empresas implantadas na periferia do dos centros urbanos e no litoral. Entretanto, na União Europeia e, mercê dos pactos firmados com a OMC – Organização Mundial do Comercio, vem-se assistido a uma cada vez maior desregulamentação dos mercados (como é o anunciado caso de acabar com as cotas de produção, que significa acabar com o direito a produzir) o que quer também dizer, que muitos dos parâmetros em termos segurança alimentar e de protecção do meio ambiente hoje exigidos, no futuro, podem estar comprometidos.
Os sobreviventes do sector primário da economia estão alerta! Há muitos anos a uma só voz, a da CNA e suas filiadas, que tem alertado insistentemente a opinião pública para os malefícios da política agrícola de mercado, induzida por interesses multinacionais ligados à agro-indústria monopolista que engendra “de farrapos ratos” e, que tem tido ressonância política desmedida em Portugal.
Eugénio Vítor
Artigo de opinião escrito para o boletim “O baldio”
A Sustentabilidade, multi-funcionalidade, biodiversidade, foram os modelos de desenvolvimento e os usos da terra, mais badalados em Portugal, após a integração na Comunidade Económica Europeia Objectivamente, espantem-se! Grosso modo o que nos era sugerido, já a agricultura familiar portuguesa o praticava de forma integrada. Mas, a natureza complexa e multidimensional das questões que estavam subjacentes ao “projecto comum europeu” que se pautou endemicamente por uma política de mercado que empurrou as agriculturas nacionais, numa primeira fase, para a agricultura convencional, moderna, onde a procura de insumos externos por parte das explorações (caso do uso generalizados da mecanização, aquisição de gasóleo, agro químicos e rações) a longo praso foi desencadeando índices tecnológicos de produção geral, nunca vistos, com as contra indicações: à posterior evidenciadas em termos de malfeitorias ao meio ambiente, segurança alimentar e em milhares de casos à insustentabilidade das explorações agrícolas. Que reduziram exponencialmente, por não possuir as condições estruturais e fundiárias necessárias. Com o efeito, foram dispensados assalariados agrícolas e trabalhadores familiares do trabalho nos campos. Em muitos casos absorvidos por grandes e pequenas empresas implantadas na periferia do dos centros urbanos e no litoral. Entretanto, na União Europeia e, mercê dos pactos firmados com a OMC – Organização Mundial do Comercio, vem-se assistido a uma cada vez maior desregulamentação dos mercados (como é o anunciado caso de acabar com as cotas de produção, que significa acabar com o direito a produzir) o que quer também dizer, que muitos dos parâmetros em termos segurança alimentar e de protecção do meio ambiente hoje exigidos, no futuro, podem estar comprometidos.
Os sobreviventes do sector primário da economia estão alerta! Há muitos anos a uma só voz, a da CNA e suas filiadas, que tem alertado insistentemente a opinião pública para os malefícios da política agrícola de mercado, induzida por interesses multinacionais ligados à agro-indústria monopolista que engendra “de farrapos ratos” e, que tem tido ressonância política desmedida em Portugal.
Eugénio Vítor
Artigo de opinião escrito para o boletim “O baldio”
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Paradoxalmente ...
A Agro-indústria, salvo raríssimas excepções, não tem estado com os agricultores portugueses!
Em vez de estimular a produção portuguesa, adquirindo cá dentro as matérias-primas com as quais se elabora o produto final, NÃO! Optam por comprar as matérias-primas no estrangeiro, mascarando no consumo o bem transformado, numa marca (marca branca), iludindo assim o consumidor, quanto à sua verdadeira origem.
Têm sido e são, estas políticas que deixam o sector primário (que deveria ser considerado como prioritário) depauperado e sem perspectivas.
Enquanto continuamos a perder a nossa soberania alimentar com importação de mais de 80% do que consumimos em produtos alimentares, sem certezas quanto à segurança alimentar oferecida.
As empresas (importe/exporte) do ramo, não nos iludamos, não vão importar ou exportar o melhor em termos de qualidade e de segurança alimentar, mas sim os produtos que na transacção final lhes assegure uma margem de lucro maior. Neste campo os agricultores portugueses sabem muito bem como produzir em quantidade e em qualidade. Mas, mesmo assim são preteridos.
Este negócio: importe/exporte está mal explicado e a funcionar contra os interesses nacionais.
Uma coisa é certa, a agro-indústria, é o sector que mais dinheiro tem solvido do orçamento do estado português e do orçamento comunitário.
Outro paradoxo da agro-indústria, finalmente conhecido, está ligado ao sector do leite e é a escandaleira dos salários milionários que tem gerado para gestores, em contra partida com a redução dos rendimentos dos produtores de leite, já penalizados pela carestia dos factores de produção.
É necessário por cobro às políticas de quem tem desprezado os produtores agrícolas, florestais e a produção nacional!
Eugénio Vítor
Texto escrito para publicação trimestre “O baldio”
Em vez de estimular a produção portuguesa, adquirindo cá dentro as matérias-primas com as quais se elabora o produto final, NÃO! Optam por comprar as matérias-primas no estrangeiro, mascarando no consumo o bem transformado, numa marca (marca branca), iludindo assim o consumidor, quanto à sua verdadeira origem.
Têm sido e são, estas políticas que deixam o sector primário (que deveria ser considerado como prioritário) depauperado e sem perspectivas.
Enquanto continuamos a perder a nossa soberania alimentar com importação de mais de 80% do que consumimos em produtos alimentares, sem certezas quanto à segurança alimentar oferecida.
As empresas (importe/exporte) do ramo, não nos iludamos, não vão importar ou exportar o melhor em termos de qualidade e de segurança alimentar, mas sim os produtos que na transacção final lhes assegure uma margem de lucro maior. Neste campo os agricultores portugueses sabem muito bem como produzir em quantidade e em qualidade. Mas, mesmo assim são preteridos.
Este negócio: importe/exporte está mal explicado e a funcionar contra os interesses nacionais.
Uma coisa é certa, a agro-indústria, é o sector que mais dinheiro tem solvido do orçamento do estado português e do orçamento comunitário.
Outro paradoxo da agro-indústria, finalmente conhecido, está ligado ao sector do leite e é a escandaleira dos salários milionários que tem gerado para gestores, em contra partida com a redução dos rendimentos dos produtores de leite, já penalizados pela carestia dos factores de produção.
É necessário por cobro às políticas de quem tem desprezado os produtores agrícolas, florestais e a produção nacional!
Eugénio Vítor
Texto escrito para publicação trimestre “O baldio”
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